
A solidão do meu quarto apesar de me atormentar é de certo modo aconchegante, o que não faz nenhum sentido. Através da janela, sem sequer me levantar, olho para o imenso azul escuro do céu lá fora. Um céu deserto, sem estrelas que me façam lembrar da imensidão do universo. As lágrimas voltam a recobrir o meu rosto. E a insegurança não passa. Luto inutilmente contra elas, não posso mais controlá-las, já faço isso a muito tempo. De repente o que começou com algumas gotas se transforma em uma enxurrada, que trás consigo a tona todas as mágoas e inseguranças, todas as tristezas e decepções. O choro então vem com o soluço abafado, com o desespero. E a calma não vem. Depois do demorado choro de desabafo solitário, vem o mais temido sentimento: a desistência. Vem aquela certeza de que nada que eu faça irá fazer com que as coisas melhorem. E a paz não vem. Mas o medo de que as coisas não mudem, de que os temores se tornem a realidade de meu futuro trazem um desespero e descontentamento momentâneo, que enfim, torna-se vontade de fazer com que as coisas melhorem. E vem a determinação. Determinação de transformar as pequenas chances que me restam em realidade, de torná-las possíveis.