Tormentos repetitivos

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A desilusão de um sonho destruído é uma sombra que sempre volta a recair sobre mim, quando eu menos espero. Não importa quanto tempo tenha passado e quantas vezes eu tenha tido a certeza de que a decepção está mais que superada, sempre volta. E aos meus olhos e à minha insana mente parece-me que às vezes o mundo conspira para que eu não esqueça. Não que eu esteja egocentricamente beirando a loucura, mas é que são muitas as coincidências para que não passem disso. É como se fosse engraçado o fato da minha esperança e minha autoconfiança serem repetidamente abaladas e postas à prova.

E o que sempre me entristece e me transtorna é o fato desses sonhos nem sempre evaporarem por falta de persistência, e já não me refiro mais somente à mim.

Loucura excessiva de minha parte ou não, não me importa, não me resta mais esperança no meio desse devaneio que nem meus conhecidos devem ter entendido.

Verbalizar

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Irônico não? Ter tanto para falar e não saber o que dizer. Ter a alma tão cheia e a cabeça tão vazia. Sentir um turbilhão de emoções e não conseguir desfazer a cara sempre tão séria. Os olhos não eram a janela da alma? Por que então eles insistem em contradizer? Estão tão rasos e vazios. Eles desistiram em procurar o lugar que me deixa segura? Não acharam nada digno de ser admirado?
E onde estão as palavras? Por que na hora que é necessário verbalizar todas as emoções bagunçadas e que lutam brutalmente dentro de mim para se sobrepor elas me fogem? É sempre assim. Não adianta certas horas poder falar e não saber como.
Mas não me preocupo, sempre após as batalhas interiores vem a calmaria. Mesmo que demore muito, mais cedo ou mais tarde ela aparece. Aquela calmaria. Será isso mesmo ou será que é a conformidade? Não sei, nunca me pareceu a melhor opção se conformar, independente da situação. Se conformar me parece sinônimo de desistir.

Solidão

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E agora? Orgulha-se de ti? Está onde queria? Olhar estas paredes brancas e imóveis que te cercam te faz feliz? É a companhia que desejava? Certamente não a que precisava, mas talvez a que merecia.
E o silêncio? Ele te consola? Ele consegue atravessar os seus cabelos espessos e chegar até os teus ouvidos, sussurrando palavras de ternura e compreensão? Provavelmente não. E se ouvisse tais palavras, você as reconheceria? Já faz tempo não?
E por que está aqui? Já não devia ter aprendido a lição? O que por fim te derrubou? Achava que nunca cairia? Não acredito que se iludiu a esse ponto.
E essas lágrimas que lhe escorrem pelo rosto? Sabe que não tem o direito de derramá-las. Por que então elas surgem? Talvez seja de desilusão, desespero, tristeza, sofrimento. Já nem sabe mais por que não é?
E o que te resta? Sobrou algo lá fora pelo qual vale a pena se levantar novamente? Não importa, tem que levantar e deixar esse canto. Uma hora vai ter que sair, e você sabe disso. Volte a por a máscara que usa a tanto tempo e esboçe aquele sorriso falso que veste tão bem. Junte-se a multidão fria e sem emoção. E não se preocupe, não é a única. Todos usam máscaras como você.

(sem título)

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Sabe, passamos um tempão tentando construir os nossos sonhos, atingir os nossos objetivos, fazendo o possível para chegar um pouquinho que seja mais próximo de realizá-los. São dias e noites dedicados ao que desejamos que seja o nosso destino afinal. Até então concretizarmos. E tudo então ganha mais vida, torna-se melhor. O encanto e felicidade vêm com aquele sentimento de auto-realização que nos deixa mais confiante. Mas então sempre surge alguém. Sempre surge alguém e nos derruba, destrói sempre a nossa felicidade, quase sempre conscientemente. E é isso que me mata hoje em dia. Saber que tem gente que por puro egoísmo ou prazer têm a audácia de atrapalhar a vida dos outros sem necessidade alguma. Atrapalhar a vida de alguém que nem chegava a ser um incômodo. E é isso que me desanima. Sempre, mas sempre mesmo tem alguém desse tipo. E já me pergunto se vale a pena então correr atrás, já que algum dia alguém irá nos derrubar sem piedade.

Esse tipo de pessoa ganha somente o meu desprezo, realmente espero que as pessoas no geral possam mudar e perceber que não se vai longe atrapalhando a vida alheia. E que o que é uma pequena ação sua pode ter uma repercussão imensa na vida de alguém.